O artigo examina a trajetória da desigualdade econômica no Brasil no período democrático contemporâneo. Demonstra que esta foi substancialmente reduzida por um mecanismo de inclusão dos outsiders. A trajetória desse mecanismo é descrita como tendo compreendido duas fases: (i) mudanças paradigmáticas no desenho das políticas sociais brasileiras, que produziam grande divisão entre insiders e outsiders desde os anos 1930, foram introduzidas na transição para a democracia; (ii) sob o sufrágio universal, partidos de esquerda e conservadores convergiram em torno das preferências dos beneficiários dessas políticas, a saber, política do salário mínimo, de saúde e de educação. Esses resultados desafiam o poder explicativo da teoria do eleitor mediano e da força parlamentar da esquerda. Em vez, indicam que mudanças exógenas ao sistema de políticas sociais introduziram políticas redistributivas sob uma conjuntura crítica, as quais, por sua vez, deram origem a mudanças endógenas, nas quais a competição política jogou papel central.
This article examines the path of economic inequality in Brazil under the current democratic period. It demonstrates that a mechanism of inclusion of outsiders sharply reduced economic inequality. The path of such mechanism is described as being deployed through two sequential phases: (i) in the transition to democracy, the introduction of paradigmatic changes in the model of Brazilian social policies, which had produced a big divide between insiders and outsiders since the 30s; (ii) under universal suffrage, the convergence of conservative and left-wing parties around the preferences of the beneficiaries of those policies, namely minimum wage as well as education and health policies. Such research results challenge the explanatory power of the median voter and the power of the theories of the Left. Instead, they suggest that exogenous changes introduced redistributive policies under a critical juncture, which in turn have given place to endogenous changes in which political competition played a key role.
L’article examine la trajectoire de l’inégalité économique au Brésil dans la période démocratique contemporaine. Il démontre que cette inégalité a été substantiellement réduite par un mécanisme d’inclusion des outsiders. La trajectoire de ce mécanisme est décrite comme étant composée par deux phases : (i) celle des changements paradigmatiques dans la conception des politiques sociales brésiliennes, qui ont produit une grande division entre les insiders et les outsiders depuis les années 1930 et qui ont été introduits dans la période de transition vers la démocratie ; (ii) celle sous le suffrage universel, quand les conservateurs et les partis de gauche ont convergé autour des préférences des bénéficiaires de ces politiques, plus précisement, la politique du salaire minimum, de la santé et de l’éducation. Ces résultats défient le pouvoir explicatif de la théorie de l’électeur médian et de la force parlementaire de gauche. Au contraire, ils indiquent que des changements exogènes au système des politiques sociales ont introduit des politiques de redistribution sous une conjoncture critique qui, à son tour, ont donné lieu à des changements endogènes dans lesquels la concurrence politique a joué un rôle central.
See how this article has been cited at scite.ai
scite shows how a scientific paper has been cited by providing the context of the citation, a classification describing whether it supports, mentions, or contrasts the cited claim, and a label indicating in which section the citation was made.